A Psicanálise é uma linha teórica desenvolvida por Sigmund Freud no final do século XIX mas que, desde então, segue se atualizando e reafirmando seu papel social. Se concentra inconsciente e propõe que grande parte dos nossos conflitos, sintomas, desejos, repetições e traumas são originados na infância, à partir de um mal-estar que surge da nossa relação com o outro, com a cultura e nossos desejos recalcados. Na clínica, tende a ser uma abordagem cuja prática e seus efeitos demandam mais tempo e paciência, justamente por se aprofundar em questões do passado e que não necessariamente estão a nível da consciência. 

 

Meu percurso na psicanálise se iniciou na graduação de psicologia. Tive incríveis professores que me mostraram o potencial transformador, subversivo e provocador da psicanálise. Vejo a psicanálise como um discurso capaz de fazer um furo nas nossas certezas, capaz de esvaziar nossas convicções mais repressoras e imobilizadoras. Acima de qualquer coisa, vejo a psicanálise como uma ferramenta poderosa capaz de provocar no sujeito aquilo que ele tem de mais valioso: desejo. 

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Tendo em vista que a psicanálise enxerga o sintoma como sendo a maneira própria do sujeito se relacionar com o outro e se localizar no mundo, o papel da psicanálise não é o de eliminá-lo, como as clínicas do bem-estar tentam fazer, pois a psicanálise não enxerga o sintoma como sendo algo negativo. Para a psicanálise, o sintoma é a solução que o sujeito encontra para um conflito entre suas pulsões (interno) e a cultura e a lei (externo). O papel da psicanálise é o de ajudar o sujeito a criar uma maneira própria de existir com o próprio sintoma de forma que ele consiga se relacionar com o outro e com o mundo sem que ele tenha de abdicar de si mesmo, de sua individualidade, de seus desejos.